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A Versificação é o ato de descrever o pensamento num texto
disposto em Versos. Ao longo dos anos a Versificação ganhou normas
próprias e, após os devidos entendimentos entre Poetas e Gramáticos locais, gerou
um Código de Regras conhecido pelo nome de Ciência Poética.
O Verso passou a ser estruturado pelo estudo das sílabas,
que podiam diferir das gramaticais pelas naturais tendências idiomáticas das
falas, ganhando formas próprias definidas pelas quantidades de sílabas por verso, o
que ficou conhecido pelo nome de Métrica.
Uma vez definidos os Comprimentos de Versos, pela Métrica,
os estudos se voltaram para as tonicidades das sílabas que compunham os
versos, e a tal elemento da Ciência Poética deu-se o nome de Ritmo Poético,
ou mesmo Cadência do Verso.
Ao ganharem as regras básicas, de Métrica e Ritmo, os poemas
começaram a apresentar uma elegante uniformidade dos versos, idênticos
nesses dois elementos, mas ao longo dos anos os poetas buscaram pelos
versos, desiguais nos elementos, novas configurações estéticas para os poemas,
o que fez com que a Versificação se dividisse até hoje em dois tipos
ou formas:
a) Versificação Regular - Todos os versos com Métrica e
Ritmo iguais.
Poemas Regulares são aqueles cujos versos apresentam
identidade em Métrica e Ritmo, ou seja: - Todos os versos com a mesma quantidade
de sílabas, cujas tonicidades se repetem nas posições das mesmas em cada
verso. Exemplo:
e-o/ VER/ so/ nas/ CEU - 2-5
nas/ RE/ gras/ do-a/ QUÉM - 2-5
dei/ XAN/ do/ pro/ CÉU - 2-5
as/ COI/ sas/ do-a/ LÉM - 2-5
No início do aprendizado, devo sempre lembrar que as sequências de números após os términos dos versos indicam
as posições das
sílabas tônicas neles. No exemplo acima todos os versos tiveram
tonicidades nas segundas e quintas sílabas, logo, apresentaram Métrica = 5 e Ritmo Poético 2-5.
b) Versificação Irregular - Versos com Métricas e/ou Ritmos distintos. Deu origem aos Poemas Irregulares, que são os que apresentam
versos com Métricas diferentes, mas possuem uma coerência rítmica. Por exemplo:
eu / TI / nha / de / SER - 2-5
um / PO / bre / po / E / ta-e / can / TOR - 2-5-8
sem/ PAZ / pra-en / xer / GAR / um / a / MOR - 2-5-8
nas/ CER - 2
nas/ CER - 2
Nos primórdios da versificação os sentimentos eram descritos
nos poemas num único bloco de versos. Com o passar do tempo as descrições
dos pensamentos também passaram a ganhar novas estéticas, com os sentimentos
dispondo os versos em mais de um bloco textual, surgindo então as Estrofes.
Estrofe é então cada bloco de versos utilizado para
transcrever às
particularidades sentimentais contidas no amplo contexto
poético do poema.
Esse elemento da ciência poética foi o que mereceu maiores
cuidados dos poetas e gramáticos, pois envolveu muita discussão acerca do
que determinaria à quantidade de versos numa estrofe: - O Fragmento
filosófico do contexto ou a sua Sintaxe descritiva?
Surgiram as estrofes com diferentes quantidades de versos,
bastantes a atender tanto às regras gramaticais, relativas aos períodos
sintáticos, quanto aos fragmentos sentimentais do poeta no contexto do poema, e
assim nasceu a Estrofação
Estrofação é, portanto, o estudo das construções das
estrofes nos poemas e se divide em dois tipos:
a) Estrofes Simples - Formadas por versos Regulares
em métrica.
b) Estrofes Compostas - Versos
Irregulares em métrica.
Quanto às quantidades de versos formadores, surgiram as
Estrofes com Nomes Próprios, tais como:
1) Estrofe de Verso Único ou Monóstico - Esse tipo de
estrofe se presta mais a causar uma expectativa pelo texto que virá na
estrofe seguinte. Como um anúncio.
2) Estrofe Dístico - Estrofe com dois versos.
Geralmente usa óbvias Rimas Paralelas.
3) Estrofe Terceto - Contendo três versos, geralmente usa
rimar um dos versos com o de um outro terceto posterior.
4) Estrofe Quadra - Possui quatro versos, cuja forma “culta”
apresenta rimas dispostas ou em forma Alternada, ou Oposta. É a estrofe mais
popular.
5) Estrofe Quintilha - Possui cinco versos. Na Poesia
Inglesa temos o tipo Quintilha Heroica.
6) Estrofe Sextilha - Contendo seis versos, é normalmente
desdobrável em dois Tercetos.
7) Estrofe Sétima - Estrofe com sete versos, cujo auge
ocorreu na Poesia Trovadoresca.
8) Estrofe Oitava - Contém oito versos e apresenta três tipos principais:
a) Oitava Simples - Apenas oito versos constituindo um único
pensamento.
b) Oitava Heroica - Apresenta oito versos decassílabos (10 sílabas) com Rimas
Alternadas nos seis primeiros e Rimas Paralelas nos dois últimos.
c) Oitava Lírica - Junção de duas Quadras feita por dois
aspectos: Continuidade de pensamento e/ou rimas relacionando os versos 1 e 5 ou 4 e 8.
9) Estrofe Nona - É feita com nove versos.
10) Estrofe Décima - Contendo dez versos, geralmente
trata-se da junção de uma Quadra com uma Sextilha, ou mesmo de duas Quintilhas. A
história registrou um tipo específico de Décima, surgido entre os
séculos XVI e XVII, a Décima Espinela, criada pelo poeta espanhol Vicente Espinel,
que apresenta rimas ligando os versos 1,4,6 - 2,3 - 5,7,10 -
8,9.
11) Estrofe Livre ou Estrofe Polimétrica - Estrofe que
apresenta mais de 10 versos. A Versificação Regular não usa trabalhar com ela,
daí o nome Polimétrica, no entanto existem casos de Poemas Regulares
que apresentam até 15 versos em cada estrofe.
Há uma estrofe, cujo número variável de versos
varia de acordo com a vontade do poeta, e se chama Refrão.
A Estrofe Refrão é aquela que, por questões de realce
textual, se repete entre as demais estrofes num poema, pertencendo ao gosto do
poeta a quantidade e a forma com que o refrão se repetirá.
À proporção em que as estrofes, tanto Simples quanto
Compostas, deram novas estéticas aos poemas, começaram a surgir novos
poemas que se caracterizavam por apresentar uma idêntica configuração
estrófica nos fragmentos do pensamento nos contextos poéticos, surgindo
assim as Construções Poéticas de Forma Fixa, determinadas por
regras de disposição das estrofes associadas às das distribuições de
Rimas.
Construções Poéticas de Forma Fixa ou Poemas de Forma Fixa.
Caracterizadas por tipos específicos de estrofes.
Originalmente exigiam Estrofes Simples, entretanto, no correr dos anos, aceitou-se
também às Estrofes Compostas. Temos as seguintes mais utilizadas:
a) Balada - Formada por três estrofes longas, além de uma
Refrão, cuja quantidade de versos é a exata metade delas repetida entre
as mesmas.
A balada mais usada sempre combinou Oitavas com
Quadras, sendo também o conjunto, Décima-Quintilha, muito apreciado pelos
poetas, entretanto nada impede de ocorrer uma Balada associando Quadras a
Dísticos, posto que vários poetas, utilizando-se dos versos longos, já tentaram
associar os conceitos da Balada ao do Soneto Inglês em único poema.
À Balada que apresente o mesmo som nas rimas dos versos
finais das estrofes longas, dá-se o nome de Balada Lírica.
Recentes pesquisas arqueológicas, na Escrita Minóica Linear
C, mostraram poemas em homenagem a Dionísio, o popular Baco, feitos em
Baladas, o que transporta as bases da Ciência Poética para o período
Pré-Clássico grego.
b) Soneto Italiano - Apresenta um total de catorze versos Decassílabos Heroicos (acentuação obrigatória nas sílabas 6 e 10), dispostos em duas Quadras e dois Tercetos, com dois grupos de rimas colocados
nas formas Alternada ou Oposta, repetidos nas Quadras, e,
obrigatoriamente, dois ou três grupos fônicos interligando os Tercetos.
c) Soneto Inglês - É mais recente em nossa literatura e consiste em distribuir os mesmos
catorze versos Decassílabos Heroicos em três Quadras e um Dístico, apresentando dois grupos fônicos, em
rimas Alternadas ou Opostas, específicos a cada uma das Quadras, o que
totaliza seis grupos nas três quadras; e um sétimo grupo no dístico, colocado em forma paralela.
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