quinta-feira, 9 de abril de 2015

Verso

Postagem Original - Abril de 2008.



Verso é um texto disposto em sílabas, poéticas ou gramaticais, cujas quantidades obedeçam a uma estética compatível com as regras da Ciência  Poética.

Durante bom tempo, a estética da ciência poética definiu o comprimento máximo de um verso em 14 sílabas poéticas, posto que a partir de tal comprimento o texto já seria Prosa e não mais Poesia.

Todavia, com o passar dos anos, o verso perdeu o ancestral vínculo com a Métrica e passou a ser valorizado mais pelo Ritmo Poético, que independia da quantidade máxima de sílabas nos seus comprimentos, para finalmente tornar-se independente dos demais companheiros de estrofe e ganhar a autonomia rítmica em qualquer comprimento:

Pan-Aricas de Áfricas upicas, mulo do samba mais posvel, novo quilombo de Zumbi - 3-7-11-14-18-22-24-27-31.

Anteriormente, o final do verso coincidia com o fim de uma Oração dentro de um Período Sintático, e ao grupo de orações de um ou mais períodos, pertencentes ao fragmento de texto dentro do contexto, que era o poema inteiro, se dava o nome Estrofe.

Somado a esse conceito gramatical, havia também o da anterior Pausa do poeta ao final do verso, tanto em tempo mudo quanto em sílabas átonas, em caso dos versos finalizados por palavras paroxítonas ou proparoxítonas.

O que Caetano Veloso fez, nesse quilométrico verso da canção, Sampa, foi cantar três versos sintáticos sem pausas, que viriam naturalmente junto com as vírgulas.

Pan-Aricas de Áfricas upicas, - 3-7-11
mulo do samba mais posvel,     - 1-5-9
Novo quilombo de Zumbi                 - 1-4-8

Houve uma quebra do ritmo poético, pois os espaços átonos internos, 3 sílabas, não se repetiram entre a última tônica do verso 1 e a primeira do 2, com o mesmo ocorrendo entre o final deste e o começo do verso 3, nos teóricos versos colocados acima.

Se tivesse colocado mais quatro sílabas no verso, teria conseguido torná-lo autônomo em Sintaxe e Ritmo, desde que tivesse fôlego para cantá-lo inteiro sem pausas. Por exemplo, assim:
Pan-Aricas de Áfricas upicas, do mulo do samba mais posvel nesse novo-e meu quilombo de Zumbi 

Com o Ritmo - 3-7-11-15-19-23-27-31-35; para descrever com justo equilíbrio a realidade "Da dura Poesia Concreta das nossas esquinas" paulistanas. Sampa.

"São Paulo é o Túmulo do Samba" 
(Vinícius de Moraes)

"Nem poeta escapa do bairrismo" 
(Germano Mathias)



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